As principais causas dos incêndios florestais são as seguintes:

COMPORTAMENTO DO FOGO EM FLORESTAS

INTENSIDADE DO FOGO

Denomina-se intensidade a taxa de calor ou energia calorífica liberada por unidade de tempo e por unidade de comprimento da frente de fogo. Numericamente, é igual ao produto do combustível disponível, pelo calor específico do combustível e pela velocidade de propagação. Veja a equação de BYRAM:

I = H . w . r
onde:

I = intensidade do fogo nos incêndios florestais (4 a 25.000 Kcal/m.s)
H = calor específico do material combustível na floresta (3.600 a 5.000 Kcal/kg)
w = peso do material combustível (kg/m^2)
r = taxa de propagação do incêndio (m/s)

INTENSIDADE DO FOGO EM FLORESTA DE EUCALIPTO NA AUSTRÁLIA
INTENS. GRAU ALT.CHAMA ALT.CREST. EXTINÇÃO
4 - 10 baixo < 0,3 m --- sozinho
11 - 41 ótima 0,3 - 0,9 1,8 - 4,5 m pouca chance de escapar do controle
42 - 58 mt.severo 0,9 - 1,5 4,8 - 9,0 dificuldade de confinamento
59 - 83 --- --- --- limite máximo para danos aceitáveis em florestas comerciais

Nos incêndios florestais normais, a intensidade do fogo varia de 400 a 800 Kcal/m.s e em incêndios de grandes proporções, vai além de 8.000 Kcal/m.s.
Nos incêndios com intensidade superior a 800 Kcal/m.s, as chances de controle do fogo pelas brigadas de incêndio, diminuem rapidamente.

TAXA DE PROPAGAÇÃO DO FOGO

Chama-se de Taxa de Propagação do Fogo a velocidade segundo a qual o fogo aumenta de intensidade, tanto em área como em distância do foco inicial.

TAXA DE PROPAGAÇÃO
TAXA VELOCIDADE (m/s)
Queima controlada 0,009 a 0,111
Normal 0,5 a 2

ALTURA DE CRESTAMENTO

Chama-se de Altura de Crestamento, a altura média de secagem letal das folhas, causadas pelo fogo. Segundo VAN WAGNER, nas Coníferas, ela é uma função direta da Intensidade do fogo, segundo a expressão:

I^(2/3)

Ou ainda:

 
                                                7/6
                                       3,94 . I
                      hs = -------------------------------------
                                          1/2
                              (0,107 I + V)  .  (60 - T)                        
onde:

hs = altura de crestamento letal (m)
I = intensifdade do fogo (Kcal/m.s)
V = velocidade do vento (m/s)
T = temperatura do ar (oC)

TEMPERATURA LETAL

Chama-se de Temperatura Letal para os tecidos das árvores aquela que provoca a sua morte. Ela é inversamente proporcional ao tempo de exposição àquela temperatura. Por outro lado, aquantidade de calor que chega ao câmbio é inversamente proporcional à espessura da casca e diretamente proporcional ao conteúdo de umidade da casca. De um modo geral, sabe-se que temperaturas de 60oC provocam a morte do câmbio em 2 a 4 min; a 65oC, a morte se dá em menos de 2 minutos.
Nelson, observando Pinus, nos Estados Unidos, constatou a morte das acículas em 6 min, com temperatura de 54oC; em 30 segundos a 60oC; e instantaneamente, a 64oC.

A Temperatura Letal pode ser estimada pela seguinte expressão:

T = a - b . ln (t)

onde:
T = temperatura letal (oC)
a e b = constantes
ln = logarítimo natural
t = tempo de exposição(min)

EFEITOS DO FOGO

Os principais efeitos do fogo resultante de um incêndio florestal são os seguintes:

O USO DO FOGO CONTROLADO

O fogo controlado pode ser uma ferramenta útil para se alcançar várias metas no manejo florestal, inclusive (paradoxalmente) no próprio combate ao incêndio. Assim, o fogo é um agente natural: na redução do material combustível; na raleação e; na sucessão vegetal.
O fogo é o mais prático e econômico de todos os meios conhecidos de preparo do terreno para plantio, embora só deva ser utilizado com técnica e sob determinadas condições de clima e solo.
Em plantações de eucaliptos, após as árvores atingirem certo porte, o fogo pode ser usado para evitar a competição de espécies vegetais indesejáveis no sub-bosque, pois a maioria das espécies de Eucalyptus são resistentes ao fogo.
As Leguminosas, um dos mais importantes gêneros vegetais, são de um modo geral, 5 vêzes mais abundantes após o fogo, do que antes.
Na Agricultura, o fogo é frequentemente utilizado: para controlar certas pragas, destruir sementes de ervas daninhas, eliminar doenças de plantas, na colheita da cana-de-açúcar e para eliminar resíduos de colheitas.

Resumo do Uso do Fogo Controlado

  1. redução de material combustível.

  2. preparo do terreno para plantio e formação de pastagens.

  3. controle de espécies indesejáveis.

  4. melhoria do habitat para a vida silvestre e

  5. outros usos: controle de pragas, facilitação da colheita, etc.

ÍNDICES DE PERIGO DE INCÊNDIOS

Índices de perigo de incêndios florestais são números que refletem, antecipadamente, a probabilidade de sua ocorrência, assim como a facilidade do mesmo se propagar, de acordo com as condições atmosféricas do dia, ou de uma sequência de dias.
O conhecimento dos índices de perigo de incêndios é fundamental, dentro de um plano de prevenção e contrôle dos incêndios florestais, por permitirem a previsão das condições de perigo, possibilitando assim, a adoção de medidas preventivas, em bases mais eficientes e econômicas.
Desde 1920, tabelas de perigo de incêndio para todas as regiões do País têm sido elaboradas, através das interrelações: clima, umidade do material combustível e comportamento do fogo.

Os fatores determinantes de um incêndio florestal são:
a) de caráter permanente: material combustível; tipo de floresta; e topografia;
b)variáveis: clima.

Os índices dividem-se em 2 grupos: os índices de inflamabilidade, que medem a probabilidade de ocorrência; e os índices de propagação, que oferecem também uma idéia das condições de propagação do fogo.

Além dos índices de Angstron (sueco), de Telicyn e de Nesterov (russos), Soares desenvolveu o método Monte Alegre, para aplicação no Paraná e baseado em dados de umidade relativa do ar (%) , representado por "h" e tomado às 13 horas. A equação do chamado FATOR DE MONTE ALEGRE (FMA) é a seguinte:

FMA = 100 . Soma (1/h)

REGRAS PARA ELABORAÇÃO
PPT.DO DIA MODIFICAÇÃO NO CÁLCULO
< 2,4 mm Nenhuma
2,5 - 4,9 Abater 30% no dado da véspera e somar 100/h do dia
5,0 - 9,9 Abater 60% no dado da véspera e somar 100/h do dia
10 - 12,9 Abater 80% no dado da véspera e somar 100/h do dia
> 12,9 Abandonar o cálculo e recomeçar no dia seguinte.

ESCALA DE PERIGO
FMA GRAU
=< 1,0 mm Nulo
1,1 - 3,0 Pequeno
3,1 - 8,0 Médio
8,1 - 20 Alto
> 20 Muito alto