esgotos

Disposição no solo

A disposição de esgotos domésticos no solo, como processo de tratamento comunitário, é uma das práticas mais antigas e era adotada em Atenas, antes da era cristã. Hoje é usada em países como os EUA, Austrália, Alemanha e outros. No Brasil, estações de tratamento de esgotos - ETE´s experimentais por estes métodos, foram implantadas na década de 80 em Capão da Canoa - RS e em Populina - SP.

A grosso modo, o solo é, em geral, composto dos seguintes elementos:
a) ar e água = 50%;
b) minerais = 45%;
c) matéria orgânica = 4%; e
d) microrganismos = 1%.
Pois é esta menor parcela, de microrganismos, além da retenção, pela filtração das partículas em suspensão no esgoto, os principais responsáveis pelo seu tratamento. Têm sido observadas reduções da ordem de 95% dos microrganismos (patogênicos ou não) presentes nos esgotos, nos 5 cm superficiais do solo, visto que, cerca de 77% deles estão concentrados nos primeiros 8 cm de solo.

Os processos exigem grandes áreas (cerca de 7,5 a 100 m2 por habitante atendido) e escolha adequada do terreno, da técnica de irrigação e da cultura que irá cobrir (ou não) o terreno, além do afastamento conveniente das habitações por problemas de contaminação do lençol freático (que deve estar a mais de 4 m da superfície), erosão do solo (capacidade de infiltração média de 70 l/m2.dia pelo ensaio NB-41/1981 da ABNT), topografia do terreno (declividade máxima da ordem de 10%), vetores, ventos (problema de aerossóis) e odores.

Nesta técnica, também contribuem os vegetais plantados na área de descarga dos esgotos (como o milho, frutíferas ou capim resistente à umidade, como o Brachiaria humidicola, por exemplo), tanto pelo seu poder de aeração do solo, como servindo de substrato (colmo e raizes) para os microrganismos que tem por fim estabilizar ou mineralizar a matéria orgânica dos esgotos. Aliás, a irrigação com esgotos é uma técnica cada dia mais viável nos dias de hoje.

Os métodos de depuração de esgotos pelo seu lançamento no solo, são os seguintes:

infiltração-percolação

No método da infiltração-percolação, os vegetais têm uma participação fundamental no tratamento, pela retirada dos nutrientes mineralizados, estando portanto as taxas de aplicação diretamente ligadas à capacidade resistente da cultura aos poluentes, assim como à quantidade de água aceitável na sua irrigação. As técnicas de irrigação recomendadas neste método são: aspersão, inundação e sulcos de infiltração.

infiltração-rápida

No método da infiltração rápida, as taxas de aplicação (mais elevadas do que no método anterior) são reguladas pela capacidade de infiltração do solo, pela sua capacidade de drenagem e pelo tempo necessário para a secagem do terreno. A técnica de irrigação recomendada é a inundação.

escoamento superficial

No método do escoamento à superfície, devido à sua baixa capacidade de infiltração, o solo quase não toma parte no tratamento. Neste caso, o esgoto é depurado por microrganismos presentes na vegetação rasteira, sobre os quais o lento escoamento, faz com que os minerais resultantes do processo sejam absorvidos pelas plantas. A técnica de irrigação recomendada é a inundação por escorrimento, razão porque os terrenos não devem ser planos e, de preferência, impermeáveis. Para a aplicação do esgoto na cabeceira da parcela, podem ser usados tubos janelados (vide croqui acima), canais ou aspersores.

Taxas usuais médias de aplicação de esgoto
Método m/ano mm/semana intervalo(d)
Inf.-perc. 1 a 6 25 a 100 3 a 6
Inf. rápida 6 a 120 100 a 2.100 14
Esc.superf. 3 a 20 60 a 150 3 ou +
FONTE: Revista DAE, S.Paulo, No.145, jun/1986.


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