
Após iniciado o fogo, o calor (um dos 3 elementos do Triângulo do Fogo) deve ser transferido para outros
materiais combustíveis, a fim de que o incêndio possa avançar ou se propagar pela floresta.
A intensidade de propagação do incêndio é medida em km/h, m/s ou ha/h. De um modo geral, o fogo
alcança a máxima intensidade nas horas mais quentes do dia, via de regra entre as 14 e 16 horas. A intensidade mínima se dá entre 3 e
5 h da manhã. Assim, a maioria dos incêndios florestais são mais facilmente combatidos durante as últimas horas da tarde, à noite e de
madrugada.
Essa transferência de calor é feita através da radiação, da convecção e da condução.
a) RADIAÇÃO = é a transferência de calor através do ar, em qualquer direção, à velocidade da luz. É o principal método de transferência de calor, nos grandes incêndios florestais. A lei da radiação diz que a tranferência de calor varia inversamente com o quadrado da distância à fonte, ou seja:
E1/E2 = D2^2/D1^2
onde:
E1 e E2 = energia calorífica recebida nos pontos 1 e 2; e
D1 e D2 = distância dos pontos 1 e 2.
b) CONVECÇÃO = é o movimento circular ascendente, devido ao aquecimento das massas de ar, localizadas
acima do foco do incêndio. O fogo florestal cria condições de turbulência (correntes de vento), aspirando oxigênio dos lados e lançando
para cima o ar aquecido. Isso pode levar fagulhas a grandes distâncias, dificultando o contrôle do incêndio.
c) CONDUÇÃO = é a transferência de calor por contato direto com a fonte de calor. Por ser a
madeira um mal condutor de calor, a transferência por condução tem pouca importância relativa em incêndios florestais. O
aquecimento de massas de ar através da condução é o que tem mais importância no controle dos incêndios.


O fogo se propaga lentamente e é independente da direção ou da velocidade do vento, ao contrário
dos incêndios aéreos ou de copa, que avançam sempre na direção do vento.


Começa sempre de um pequeno foco, provocado por: palito de fósforo ou ponta de cigarro acesos,
fagulha, pequena fogueira, etc. Inicialmente, o incêndio se propaga em forma circular.


O fogo se propaga de árvore em árvore pela copa, ajudado pelo vento. Nesse tipo de propagação,
a espécie vegetal e a densidade de árvores, são muito importantes.
Outros fatores que controlam a forma e a intensidade do incêndio florestal são:


O cinco principais fatores que influem na propagação do incêndio
florestal, são os seguintes:

1 - QUANTIDADE, TIPO E ARRANJO DO MATERIAL COMBUSTÍVEL

Em uma floresta existe grande quantidade de material combustível em
potencial. O material morto é, geralmente, o principal responsável pela propagação do incêndio. Chama-se de
quantidade total à toda matéria orgânica combustível existente no piso da floresta e a sua queima total só ocorre em incêndios
excepcionalmente violentos. Chama-se de quantidade disponível à parte ou porção do material combustível
consumida pelo fogo no incêndio e que varia de 70 a 80% do material com diâmetro inferior a 2,5 cm.

O material florestal combustível presente na floresta, classifica-se em:

Não havendo continuidade de combustível, o fogo tem dificuldade
de se propagar. A compactação do material verde é inversamente proporcional à propagação do fogo. Isto é, quanto mais compactado (menor
for o espaçamento entre as árvores) estiver o material, mais difícil será a combustão. Isso se explica pela maior umidade relativa, maior
transpiração, menor evaporação (e, consequentemente, maior umidade do solo), menor insolação e menos espaço para o ar ou vento circularem
no interior da massa vegetal.

2 - UMIDADE DO MATERIAL
A umidade do material combustível inibe a ignição, pois grande quantidade de calor é requerida para elevar a
temperatura da água até o ponto de evaporação.
A umidade do material depositado no piso das florestas, em geral, é superior a 2% mas pode exceder a 200%. A
umidade presente na vegetação viva varia, geralmente, entre 75 e 150% do peso seco.
Experiências t6em demonstrado que a probabilidade de ignição é praticamente nula, para a maioria dos materiais
combustíveis, quando o teor de umidade está entre 25 e 30%. Esse limite é denominado "umidade de extinção".

3 - CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
A temperatura do ar, a umidade relativa e o vento são os principais componentes do clima que interferem nos
incêndios florestais.

Influi na temperatura de ignição (260 a 400 graus Centígrados), afetando diretamente o grau de inflamabilidade
dos combustíveis florestais. A madeira seca entra em combustão à temperatura aproximada de 285 graus Centígrados.

Varia inversamente à temperatura do ar. Existe uma troca contínua de vapor dágua entre a atmosfera e o material
(combustível) depositado no piso da floresta. O material seco absorve água de um ambiente úmido e libera vapor dágua quando o ar está seco.
Durante os períodos extremamente secos, a baixa umidade pode inclusive afetar o conteúdo de umidade do material verde.
A umidade relativa do ar é um elemento preponderante na determinação do grau de dificuldade no combate
ao incêndio florestal. Quando a umidade relativa do ar desce ao nível de 30%, torna-se extremamente difícil combater o incêndio.
| U.R.(%) | FATOR |
|---|---|
| 41 - 45 | 1,0 |
| 31 - 40 | 1,4 |
| 26 - 30 | 2,0 |
| 16 - 25 | 2,8 |
| < 15 | 3,2 |

O vento é um dos fatores climáticos mais importantes na propagação de um
incêndio florestal. Após iniciado o fogo, o vento ajuda na propagação, transportando calor e fagulhas e inclinando as chamas para
áreas ainda não atingidas pelo fogo. No incêndio aéreo ou de copa, ele transporta o calor e as chamas de árvore em árvore.
O vento ativa a combustão, pelo fornecimento contínuo de oxigênio do ar atmosférico. Aumenta a
evaporação, secando o material combustível, que vai realimentar o incêndio.

4 - TOPOGRAFIA
A influência da topografia do terreno na velocidade de propagação do incêndio florestal é tão
marcante, que este parâmetro sempre foi considerado um importante fator no comportamento do fogo.
Um incêndio se propagando em um acentuado aclive, se assemelha a um incêndio se propagando
no plano, sob um forte vento.
Estudos experimentais têm demonstrado que a velocidade de propagação do fogo em eucaliptos,
dobra em um aclive de 10 graus e aumenta 4 vezes em um aclive de 20 graus. Ou, aproximadamente 158 a 198 m/h nos aclives
contra 20 a 30 m/h nos declives.

5 - TIPO DE FLORESTA

Uma floresta aberta, rala, com grande espaçamento entre as árvores, permite
a penetração mais livre dos raios solares e do vento, provocando um aumento da temperatura e da taxa de evaporação, contribuindo
assim para um maior risco de incêndio. A menor transpiração da massa florestal, por sua vez, proporciona um menor aumento na
umidade relativa do ar.
As espécies florestais também influem de maneira específica na propagação
dos incêndios.
Um povoamento puro de coníferas, por exemplo, pelas características de inflamabilidade
inerente à espécie, apresenta um risco potencial de destruição pelo fogo maior que um povoamento de folhosas. Em um
povoamento de Araucaria angustifolia o fogo se propaga com muito mais rapidez e intensidade do que em outro de
Eucalyptus spp..
Normalmente os povoamentos artificiais estão mais sujeitos aos incêndios
florestais, do que as florestas naturais não devastadas.