RESUMO
GONZÁLEZ, Alexander Augusto Pérez. O
significado dos achados histopatológicos no diagnóstico do hipotireoidismo em
cães, com ênfase nas alterações dos músculos piloeretores. 2010. 108p. Dissertação (Mestrado
Dada a elevada freqüência
de hipotireoidismo em cães no Brasil, o estabelecimento do real significado da
hipertrofia dos músculos piloeretores é importante para o patologista, uma vez
que outros exames laboratoriais muitas vezes não são conclusivos. Dessa forma
este estudo objetivou estabelecer se há ou não correlação entre a hipertrofia
desses músculos e a baixa de hormônios tireoideanos nos cães e qual o seu eventual
significado diagnóstico, bem como descrever os achados clínicos e
dermato-histopatológicos comuns em cães hipotireoideos no Brasil. Entre
novembro de 2001 e outubro de 2002, no Setor de Dermatologia do Hospital
Veterinário de Pequenos Animais da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro, foram avaliados 200 cães, de ambos os sexos, com idades entre 6 meses
e 18 anos e dermatopatia suspeita de estar associada ao hipotireoidismo.
Biópsias cutâneas com morfometria dos músculos piloeretores, dosagens hormonais,
raspados cutâneos, tricogramas e exames citológicos foram realizados. Cães
entre 2 e 4 anos foram os mais acometidos e a enfermidade afetou mais fêmeas
(61%) do que machos (38,9%). Animais de 32 raças, principalmente, Poodle,
Cocker spaniel e Pastor alemão, com exceção dos SRD, foram acometidos. Entre as
alterações clínicas gerais observaram-se letargia, obesidade e distúrbios
reprodutivos. Alterações cutâneas como hipotricose, alopecia, pelagem fosca e
quebradiça, prurido, seborréia e hiperpigmentação foram frequentes.
Hipopigmentação, espessamento da pele e mixedema de face também foram
evidenciados. Com freqüência observaram-se doenças e / ou lesões concomitantes
como otite, piodermite secundária e dermatite alérgica. O exame histopatológico
revelou acantose, hiperqueratose, alterações foliculares, sobretudo folículos
em fase telogênica, hipertrofia (70,5%) e tumefação (cervical - 53,8% e lombar
- 89,4%) de músculos piloeretores. As medidas obtidas em cortes longitudinais
de músculos piloeretores da região cervical foram: Diâmetro maior D = 609,49μm;
diâmetro menor d = 90,08μm; área (A) = 65640,84μm2; índice métrico
(I.m.) = 0,1799. Na região lombar, as mesmas avaliações apresentaram os
seguintes resultados: D = 1389,4 μm; d = 450,98μm; A =
191285,2μm2 e I.m. = 0,1734. Já os cortes transversais, na região
cervical, apresentaram D=195,80μm; d= 117,09μm; A=28354,9μm2 e
I.m.=0,6277 enquanto em região lombar, os valores foram D=221,75μm; d=
135,29μm; A: 35605,2μm2 e I.m.= 0,6261. Não há dúvida de que as alterações
dos músculos piloeretores (hipertrofia e vacuolização eosinofílica) tenham
importância no diagnóstico do hipotireoidismo, contudo, a associação dessas
alterações com outros achados histológicos como espessamento da derme,
queratinização tricolemal, predominância de folículos em fase telogênica e
atróficos, torna o exame histopatológico ainda mais útil no diagnóstico do
hipotireoidismo.
Palavras-chave: hipotireoidismo, diagnóstico, músculo piloeretor,
morfometria, patologia.